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Oulu, Finland
Olá. Meu nome é Eliel Vargas. Pastor. Casado, pai de uma linda filha. Gaúcho de nascimento e cidadão do mundo por chamado e escolha. Atualmente moro na Finlândia, onde pode ser a "Terra do fim" ou a "Terra do começo".

19.1.13

O CLUBE







Ontem, num intervalo de trabalho,conversando com uma colega falamos sobre idade.
- Em breve vou completar 40 anos. Ah,você já fez 40! E aí? Como é? E as crises?- Disse ela.
- A gente é que marca o tempo, as crises vêm  e vão, independentemente da idade.


Hoje vi no FB mais um amigo que completa 40: “Bem-vindo ao CLUBE DOS ENTA”. Saiu automatico. Aí fiquei pensando no tal clube.

Em geral, entra-se no clube mais ou menos na mesma época que    os amigos; salvo algumas exceções.
 
Quando as pessoas se associam a um clube, o fazem para usufruir dos benefícios.  Obviamente há m preco a pagar. O Clube dos Enta não é exatamente assim, não se paga nada para entrar, porém, mas não se tem escolha, é obrigatório ou "pakollinen", como se diria em finlandês.

Há momentos que fico na dúvida se nesse clube a gente tem mais benefícios ou obrigacões. De qualquer modo, ai vai a lista de algumas dessas obrigacões:
Responsabilidades com a família, com o trabalho. Visitas mais freqüentes ao médico para conferir os níveis de açúcar, de gordura no sangue; verificar como anda o coracão e outros órgãos que até então não tínhamos consciência da existência e o pior que sempre acaba-se achando alguma alteracão. E é possível que o médico dê umas recomendações e talvez até algum remedinho.

A mulher tem que encarar a menopausa. O homens, pelo menos os previnidos, dão uma encarada no proctologista. 

Comecamos a repetir frases de nossos pais e avós. "Quando éramos jovens...” Repetimos histórias que o cônjuge já começa a enjoar. Tende-se a pensar no passado com mais saudosismo...

Os filhos da gente nos acham mais velhos do que imaginamos. Semana passada fiquei em choque quando a Anneli disse: "mãe, o pai é velho!" ;)

Nesse clube as coisas vão fluindo automaticamente ... alguns nem se dão por conta. Por exemplo: Vai-se à farmácia naturalmente e os estoques de remédio aumentam em casa... Precisa-se ficar atento para não trocar o pão de cada dia pela Aspirina de todo o dia...
As conversas sobre dor aqui, dor lá, já setornam mais frequentes.
Não tem escapatoria, isso é o que acontece nesse clube.

Lá pelos meus 37, eu percebi que para puxar assunto com um idoso, quando a gente não tem muito o que falar, é só comentar sobre remédios ou dores. Isso é universal. Ele vai abrir a boca e contar um monte de aventuras no mundo das doenças. O que é isso? É um associado experiente do Clube dando uma dica para o futuro associado.

Mas há muitas coisas postivas que podemos aprender no clube. Eu falo delas noutro dia. Por agora, posso dizer que se você ainda não chegou lá, não se preocupe, você tem todo o potencial e perfil para se membrar, é só uma questão de tempo. :) Eu vou estar aqui esperando!
eiv.



Obs. A maioria das pessoas na atualidade encerram sua viagem existencial no Clube dos Enta. Quem consegue atingir os 100 anos passa para outro clube, o dos CENTO, mas desse eu não tenho experiência e vou deixar pra falar quando eu chegar lá ;).
                            
          "Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios" - salmo 90:12
Oracão de Moisés feita quando ele tinha mais de 100 anos de idade. Sócio experiente do Clube.



17.1.13

Entre pai e filha

O primeiro sentimento que tenho quando saio de casa é a saudade.

Quando crianca, lembro de meu pai viajando por dias, e no dia de sua chegada , todos ficavam em casa esperando com emoção e alegria.

Hoje antes de ir para estação de trem, levei minha filha para a escola. Chegando lá, dei um abraço e disse: "papai vai ficar 3 dias fora de casa. Tenha um bom dia e saiba que eu te amo!"
Ela mal virou as costas e se foi toda contente e envergonhada por ganhar muitos abraços no pátio da escola. Isso não é comum entre pais e filhos por aqui. 

Aos poucos percebemos que para ela é importante o que os outros pensam. Os sinais da adolescência estão aparecendo.

Em nossas idas e vindas da escola, eu gosto de ouvir suas histórias e pensamentos. Abaixo um  do mês passado. Exatamente num mês de muito trabalho para mim e para a Ana. Sendo difícil dar atenção para ela. Depois da conversa anotei seus comentários. 
Foi num dia em que estava nevando e em meio aos flocos de neve caíndo e derretendo ao tocar no vidro do carro ela me disse:

"Pai. Sabe, quando eu era menor, eu achava que as nuvens eram feitas de algodão doce. Mas aí quando choveu pela primeira vez eu bebi a água e ela não era doce. Então eu esperei a neve cair, porque talvez a neve fosse doce. Mas quando nevou também não era doce. Só mais tarde eu aprendi na escola como isso funciona."
Naquela mesma semana, eu percebi que ela estava meio temerosa em ir dormir. Entao disse: Vamos orar juntos querida. E oramos. Depois ela me pergunta:
- Pai, Você consegue lêr os meus pensamentos? 
- Não querida, respondi. 
- Mas pai, então como conseguiste orar exatamente falando no que eu estava pensando?   
- Porque eu sou teu pai. Eu te conheço. 

Se nós conseguimos conhecer o coração de um filho que amamos, quanto mais o Nosso Pai Celeste conhece o nosso coração.
Quem sabe hoje não seja o dia de conversar com Ele. Entre pai e filho! eiv.
"Ser solidario com Deus é saber procurar o Pai no silencio do coração,
e quando senti-lo plenamente guardar a paz 
para depois oferece-la aos sofredores do caminho"    
Mahatma Gandhi



Postado num trem em viagem rumo a capital.

O Medo



Quando por volta dos 11 anos de idade fui com meus pais e irmãs conhecer a cidade natal de minha mãe.

Lá visitamos alguns familiares e também fomos participar de um casamento. Entre alguns familiares um me chamou atencão.

Ele já estava numa certa idade avançada - pelo ponto de vista de um quase adolescente... - e me pareceu ser o mais próspero entre as casas visitadas.

Mesmo sendo bem novo, percebi no pouco tempo em que ficamos lá, que ele era diferente. Nos tratou bem, conversou com meus pais. Enquanto isso olhávamos para  todas as janelas gradeadas e as portas muitas fechaduras. De repente alguém comenta -  Ele tem pânico de ser assalatado! Não dorme a noite quando ouve algum barulho  - percebendo que aquelas trancas eram chamativas.

Tinha a casa extremamente protegida, alarme, etc. Mas se sentia completamente inseguro dentro de sua própria fortaleza.

Num determinado tempo fiquei sabendo um pouco de sua história, por minha mãe. Quando jovem, ele e seu irmão montaram uma barbearia. Ele seria o barbeiro e o outro o que entraria com o dinheiro.
Abriram uma barbearia dentro de um quartel militar. Seria a primeira e única barbearia para centenas de soldados. Quando foram registrar a firma seu irmão que entrara com o dinheiro disse: "nos somos irmãos, não precisa colocar em sociedade. Pode colocar a empresa no seu nome." O resultado você pode imaginar.

Algum tempo depois, o barbeiro  deu uma quantia de dinheiro para o irmão para cobrir os gastos com as despesas da barbearia e simplesmente o informou que ele seria o único proprietário a partir de então. Não havia nenhum documento que comprovava uma sociedade. Expulsou o irmão-sócio da barbearia.

O tempo passou e ele se tornou um homem próspero, e teve uma vida financeira boa. Mas a que custo? Nunca mais os irmãos se falaram, e com certeza a vida do ganancioso nunca mais foi a mesma.

Quando chegou o momento de desfrutar sua aposentadoria, o que ele menos teve foi paz e seguranca. A alegria de desfrutar daquilo que adiquiriu com o trabalho.

Talvez você lendo essa história esteja lembrando de algum conhecido que tenha feito algo semelhante.

Nada na vida é desconectado de nossas atitudes. Assim como ele arrombou a sociedade com o irmão pegando a parte sem acordar , simplesmente arrombando um vínculo de irmandade e sociedade.

Do mesmo modo ele viveu com um fantasma de sofrer a mesma coisa com os seus pertences. De alguém chegar levando o que era dele.

Uma vida culposa é uma vida sem paz. Por mais que tente demonstrar aos outros que tudo esta tranquilo e bem por fora. Por dentro existe um vulcão de ansiedade e desconforto.  Na hora do sono, na hora em que deveria descansar a alma não consegue. Porque existe uma consciência assombrando a alma.

O outro irmão, o prejudicado, seguiu sua vida adiante. Morreu de velhice sem traumas. Sem paranóias.
eiv.

Cleptofobia: Medo de ser assaltado



Na vereda da justiça está a vida, e no caminho da sua carreira não há morte.
Provérbios 12:28


Na vereda da justiça está a vida, e no caminho da sua carreira não há morte.
Provérbios 12:28


16.1.13

A viagem



Existem vários tipos de viagens:
    1)  A espontânea. 

    Quando bate a vontade de colocar o pé na estrada. Havendo tempo e condicões é uma coisa muito boa. Uma vez fomos até quase a fronteira com a Rússia, assim. Foi muito bonito ver algumas cidades do interior da Finlândia.  Em família fizemos algumas vezes no Brasil.  Final de semana entrávamos no carro e partíamos sem destino, decidindo no caminho onde iríamos parar.





 2) A planejada. 

Creio que é a mais comum. Quando se planeja o destino, os custos, os interesses. Praia, hotel, quais diversões, passeios, aventuras, descanso, e assim por diante. Uma de nossas férias programadas foi na Turquia em 2009. Fizemos em 5 partes, com 3 interesses: Para a Família, para a filha e para o casal. Funcionou muito bem.
Depois de 2 anos morando no frio ,  receber um calor de 45 graus à beira do Mediterrâneo foi uma bencão indescritivel. Gostamos tanto das ferias e do pais que retornamos em 2011.

Tem coisas que podemos e fazemos expontaneamente porque a vida nos permite. Já outras, temos que planejar e programar o que queremos e o que  fazer.


3) A inesperada.

Às vezes pode ser um compromisso de trabalho de última hora, mas também pode ser algum familiar doente ou até mesmo por ocasião de morte.

Como um gaudério no caminho da vida, esses três tipos são comuns a todos os mortais.


Nem sempre é fácil lidar com as surpresas, especialmente com as desagradáveis.  

Numa estrada, numa viagem em algum momento, vamos nos deparar com uma bifurcação ou cruzamento. Uma situação em que teremos que decidir. 


As encruzilhadas.

Creio que a situação mais desafiadora é a da encruzilhada. Ainda mais quando os dois caminhos parecem bons. Ou pior, quando os dois caminhos parecem horríveis.  Como é difícil decidir.

Talvez você que está lendo, esteja nessa situacão. Entre duas opções. Entre qual é o melhor ou qual é menos ruim. Eu pelo menos já passei por isso várias vezes. Mais tarde, talvez eu compartilhe aqui. Mas o que fazer então?

Refletir da seguinte forma sempre me ajudou nessa situação.

- O que vou decidir é o mais conveniente para mim? Ou é o mais desafiador? O que minha alma mais deseja no momento: Crescer pessoalmente ou descanso?
- Até onde eu consigo me imaginar indo por esse caminho? Com o tempo e a experiência a gente    consegue ter uma visão panorâmica e se ver em certas situações adiante, tendo assim uma certa idéia.
 - Tomar decisões  baseadas na consciência e em fé.

Não estou dando fórmulas mágicas, mas compartilhando minha forma de lidar com as encruzilhadas.

Os provérbios dito pelos sábios da antiguidade, sempre foram baseados no poder da observacão.

No Antigo Testamento no livro de Provérbios há muita referência às questões da caminhada humana.

Simplificando:

Antes de todo movimento exterior que a gente faz na vida, mais importante e que vai refletir e fazer a diferenca lá adiante é o movimento interior que acontece no coracão. É ali que a gente entra na ou sai da encruzilhada. 

eiv.


"Todos os caminhos do homem lhe parecem puros, mas o Senhor avalia o espírito"

                                                                                                                Provérbios 16:2

"Os propósitos do coração do homem são águas profundas,
mas quem tem discernimento os traz à tona."
                                                                                                              Provérbios 20:5